Selva de Darién. Panamá vai encerrar perigosa rota e repatriar migrantes com o apoio dos EUA

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Migrantes haitianos atravessam o Darien Gap a caminho da fronteira com o Panamá. Yader Guzman - AFP

O novo presidente do Panamá prometeu acabar com a imigração ilegal através da famosa rota migratória da selva de Darién e colaborar com os Estados Unidos na tentativa de limitar as chegadas à sua fronteira, antes das eleições presidenciais. Ao discursar na tomada de posse, na segunda-feira, José Raúl Mulino afirmou que o país não pode continuar a suportar os custos económicos e sociais associados à migração.

A vasta selva do Darién, entre o Panamá e a Colômbia, é cada vez mais um lugar de passagem para milhares de imigrantes que pretendem chegar aos EUA. Só no ano passado,  cerca de 520 mil pessoas atravessaram esta perigosa rota migratória, de acordo com dados oficiais do Governo do Panamá.

Um número recorde que espelha as várias crises económicas e políticas que atravessam os países da América Latina, nomeadamente a Venezuela, que obrigam as pessoas a deixarem os seus países de origem e a arriscarem a vida para tentarem chegarem aos Estados Unidos, com vários relatos de violência, roubos ou sequestros durante o percurso.

O recém-empossado presidente do Panamá, José Rául Mulino, prometeu travar a imigração com a ajuda de Washington, antes de formalizar esse apoio através da assinatura de um acordo com o Governo dos EUA para "permitir o encerramento da passagem de imigrantes ilegais pelo Darien", avançou o Governo panamiano em comunicado.

"O Panamá deixará de ser um país de trânsito para os ilegais", afirmou Mulino no seu discurso de tomada de posse, acrescentando que os migrantes estavam a ser utilizados por "organizações criminosas internacionais ligados ao tráfico de droga e ao contrabando de pessoas".


Cerimónia de tomada de posse, na Cidade do Panamá, no Panamá, a 1 de julho | Foto: Aris Martinez- Reuters


José Raúl Mulino, o líder de direita que venceu as eleições de maio, explicou que o Panamá não pode "continuar a financiar os custos económicos e sociais que a imigração ilegal maciça gera o país" e prometeu impulsionar o crescimento económico e o emprego no país durante o seu mandato, abordando a questão da "preocupante" dívida pública a que é preciso "dar a volta".
EUA vão "apoiar" esforços de repatriamento
Nos termos do acordo entre o Panamá e os EUA, assinado pelo novo ministro das Relações Exteriores de Mulino e pelo secretário norte-americano de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, os Estados Unidos comprometem-se a "apoiar" os esforços para repatriar os migrantes que entram ilegalmente no Panamá, sem fornecer mais detalhes.

A poucos meses das eleições presidenciais nos EUA, o  acordo foi "projetado para reduzir conjuntamente o número de migrantes que estão sendo cruelmente contrabandeados através do Darien, geralmente a caminho dos Estados Unidos", disse uma porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca em comunicado.

c/ agências 
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